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terça-feira, 11 de maio de 2010

Editores de impresso falam do fechamento de uma edição

Por Eriberto Margarizo e Heloise Hamada

Tumulto, corre-corre, tempo escasso e nervos a flor da pele. Todos esses sentimentos são comuns numa redação jornalística. Além dos problemas rotineiros, o editor chefe do Oeste Notícias, Cristiano Oliveira, acredita que até a fome pode se tornar um agravante nas dificuldades do fechamento. “Descobri ao longo do tempo que um dos problemas do fechamento está relacionado à alimentação. Isso porque os profissionais entram à tarde, por volta das 16h, quase sempre almoçaram muito cedo e por volta das 22h, todo mundo está no ‘osso’. Isso faz com que todos fiquem com os nervos à flor da pele, o que acaba causando alguns atritos”, explica.

O editor conta também que sua sensação depois do fechamento é de alívio e preocupação ao mesmo tempo, pois ao final vem a sensação de que esqueceu de alguma coisa. Alguns assuntos podem gerar problema jurídico e há o risco de erro de informação, tem que estar muito atento. “Quando pego o jornal no dia seguinte e percebo que tudo saiu conforme o planejado, é uma sensação muito boa”, comenta. Em se tratando de uma empresa de comunicação, Cristiano faz uma observação curiosa: “Falhas na comunicação, por incrível que pareça, volta e meia, há um desencontro de informações, o que também acarreta problemas no fechamento”. Para ele, o tempo de deadline no impresso é “flexível”, diferente da TV e do Rádio.

“O problema é se desligar após fechamento”, diz Giselle Tomé, editora-chefe de "O Imparcial".

A editora executiva do jornal impresso “O Imparcial”, Giselle Tomé, revela que mesmo depois do fechamento da edição, a tensão pode continuar. Ela explica que leva tempo para o profissional desta área conseguir desvincular o lado profissional do pessoal. “Não pode sair com namorado e ficar falando de jornal”, comenta com bom humor. “Até mesmo eu tenho dificuldade para separar. De vez em quando tenho algumas recaídas”, brinca. Em tom descontraído a editora prossegue: “É comum ter ‘pesadelos’ com manchetes entre outras preocupações”. Para a editora, o envolvimento com o trabalho é importante, mas sem deixar que essas preocupações aumentem e atrapalhem o próprio trabalho.

Giselle esclarece que tanto nas grandes empresas jornalísticas como nos jornais regionais de Prudente o processo de fechamento da edição é basicamente o mesmo. Na opinião da editora, o que “dá um gás” na redação são os factuais na reta final do fechamento. “Quem foi embora tem que voltar, demora para apurar, a impressão do jornal precisa ser atrasada, isso é empolgante no jornalismo”, conclui.

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